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Mais ciclistas nas ruas, mais risco de acidentes

Relacionamos os principais acidentes envolvendo bicicletas e dicas para uma condução segura

Em estradas de terra, os acidentes são mais comuns / FOTO DIVULGAÇÃO

Por Alexandre Melo

É fato que as ruas das cidades, as rodovias e as estradas de interior estão cada vez mais repletas de ciclistas. A bicicleta deixou ser um meio de transporte apenas para pessoas de baixa renda e se tornou uma forma de exercício físico e mental. Todos os dias é possível se deparar com grupos de ciclistas se exercitando em passeios pela nossa região. E com tanto ciclista pedalando por aí aumenta também a quantidade de acidentes envolvendo bicicletas.

Antes de mais nada é preciso lembrar que o ciclismo é um esporte potencialmente arriscado, pois obriga o praticante a dividir vias malcuidadas com motoristas imprevisíveis e mal educados, além de pedestres desatentos. Há, ainda, o fator excesso de confiança, quando o ciclista acha que está pedalando em um terreno seguro ou quando se acha um “super” atleta. Neste momento, uma raiz ou uma pedra no caminho podem ter consequências desastrosas. É preciso estar atento e preparado para reagir em caso de situações extremas. Os praticantes de mountain bike são mais suscetíveis a quedas, pois pedalam em diferentes terrenos, encaram descidas íngremes, estradas esburacadas e trilhas que mais parecem “picadas”. Confira os seis tipos de acidentes mais comuns com ciclistas de MTB e como se prevenir. 

1 Acidente com obstáculos

O ciclista está pedalando em um grupo e de repente alguém atinge um buraco, galho ou raiz de árvore, sinalizador de pista ou derrapa em uma área com areia ou brita. Isso pode ocasionar uma queda em “efeito dominó”.

O ciclista que não tiver uma visão desobstruída do seu entorno, não deve pedalar muito próximo a colegas que não sinalizam, sejam mais lentos ou que sejam inseguros ou desatentos. O ciclista da frente deve sempre avisar os demais dos obstáculos com antecedência e desviar deles – caso não seja possível, deve evitar mudanças bruscas de direção, especialmente em superfícies sem tração. Se o ciclista estiver pedalando no acostamento de uma rodovia pavimentada, não esqueça que existe um desnível. Se a roda dianteira tocar esse desnível lateralmente, pode levar a queda. Cuidado também com os sinalizadores de pista, as chamadas “tartarugas”, elas podem ser um sério obstáculo.

2 Acidente em curvas

Esse acidente pode acontecer quando a pista está suja, molhada, ondulada, esburacada ou ainda com pedras soltas. Se o ciclista está em velocidade excessiva e tenta acionar os freios ou ainda está posicionado de modo equivocado em cima da bicicleta, crescem as chances de queda.

A primeira dica é jamais fazer a curva em velocidade superior àquela em que você tem total controle sobre a bicicleta. Antecipe-se às curvas, preparando-se para as mudanças de angulação da estrada e da bicicleta, e freie antes de entrar nas mesmas – nunca durante -, preferencialmente usando o freio traseiro. Se o pneu furar ou perder tração, alinhe a bicicleta verticalmente e faça um traçado em linha reta, para fora da curva, freando calmamente até parar.

3 Acidente com toque de rodas

Esse é um dos acidentes mais comuns quando se está em grupo. A roda dianteira de um ciclista fica levemente emparelhada à roda traseira da bicicleta à frente. Assim, ele fica sem tempo para reagir a qualquer ação do ciclista da frente – frear ou mudar de direção – e acaba tocando sua roda. Nesse tipo de toque, normalmente é o ciclista de trás que vai para o chão (quando não os dois).

Procure não pedalar no vácuo de pessoas inexperientes e mantenha distância para evitar que as rodas se emparelhem em trechos de redução de velocidade ou curvas. Sempre que possível, olhe à frente do ciclista que estiver seguindo, antecipando eventuais obstáculos. Caso o toque seja inevitável, tente estabilizar a bicicleta a partir do quadril e não mude de direção. Pare de pedalar por alguns segundos e jogue seu peso para trás, mantendo uma linha reta e reduzindo a velocidade gradualmente.

4 Acidente quando se pedala de cabeça baixa

Um pedal muito longo, intenso ou equipamento mal regulado podem ocasionar um excessivo cansaço. O ciclista, então, baixa a cabeça e olha na direção da roda dianteira. Sem enxergar à frente, acaba colidindo com obstáculos que vão de buracos e pedras na pista a carros parados no acostamento.

Mesmo que você conheça o terreno, mantenha-se alerta. Evite realizar pedais de alta intensidade em percursos perigosos ou muito movimentados, pois a fadiga o deixará mais vulnerável a acidentes, e realize um bom bike fit, que garanta uma postura adequada, sem dores, mesmo ao final dos treinos longos. Pedalar em pelotões com ciclistas muito mais fortes não é recomendável – seu esforço para sobreviver às mudanças de ritmo irão fazer de você um perigo em potencial, para si e para os demais ciclistas do grupo. Lembre-se, conhecer o seu ritmo é pré-requisito para pedalar com segurança.

5 Acidente com veículos ou pedestres

Esse é um dos acidentes mais grave envolvendo ciclistas, mesmo que seja um choque contra um pedestre. Acontece por desatenção, imprudência ou mesmo fatalidade. Normalmente tem maior gravidade em função da diferença de peso e velocidade dos envolvidos.

Mantenha-se atento e sinalize claramente suas ações – mudanças de vias, desvios, passagem em cruzamentos. Utilize roupas visíveis, sinalização adequada (principalmente à noite), obedeça às leis de trânsito e jamais pedale na contramão.

6 Acidente em descidas

Trata-se do acidente que provoca os maiores traumas físicos ao ciclista. Ele acontece, geralmente, por excesso de velocidade, mas também por causa de obstáculos na pista, principalmente quando ela é de terra. Uma simples pedra, parcialmente enterrada, um buraco no meio da estrada ou um desnível, podem levar o ciclista ao chão. As consequências, na maioria dos acidentes em descida, são terríveis.

A primeira coisa antes da descida é verificar os freios. Procure usar preferencialmente o freio traseiro. Olhe para frente, jamais baixe a cabeça, nunca levante do selim ou faça ziguezague na descida, mantenha a concentração, quanto mais rápido você estiver na descida, mais longe você precisa enxergar. Use a parte superior do corpo como pêndulo nas curvas e baixe seu centro de gravidade, projetando o corpo para a parte de trás da bicicleta (mais comum é o ciclista baixar o corpo, quase encostando o queixo no guidão). Fazendo isso, o corpo vai sentir menos a trepidação da bicicleta em contato com o solo. Essa posição também vai reduzir as chances de queda seguida de capotamento. Se estiver descendo muito rápido, evite que a roda dianteira fique muito leve, pois isso pode ocasionar uma perda de aderência, principalmente quando for preciso frear. Para trechos mais técnicos, baixar a altura do selim é recomendável.

Por fim, é bom lembrar que existem dezenas de competições de mountain bike, mas nem todas são para o seu condicionamento físico ou técnica de condução. É preciso muito treino, experiência para encarar obstáculos como longas subidas ou descidas. Jamais se arrisque em uma competição onde você não conhece o percurso. As consequências, muitas vezes, são trágicas. E lembre-se: você conhece o seu corpo e o seu condicionamento físico melhor do que ninguém. Pense: vale a pena se arriscar tanto por uma medalha ou troféu? E aqui vai a última dica: existe limite para tudo na vida. Bons pedais!

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